Olho à minha volta e observo pelo canto do olho o empregado a lançar olhares reprovadores à minha filha que corre pelo meio das mesas a rir-se alto e bom som e só consigo sentir-me … bem… embaraçada. Acho que sei o que estão a pensar: “Mas onde é que está a mãe daquela criança??” (às vezes é “Onde é que está o pai?”, muito raramente, mas isso é uma discussão para outro dia).
E começo a pensar, “Porquê, mas porquê? Como é que esta moça já está outra vez a correr por entre as pessoas que estão a tentar comer?”.
É a primeira conversa adulta que tenho desde há uns meses e não consigo terminá-la. Impõe-se então o debate interno: “Vou buscá-la ou deixo-a em paz?”. Na verdade, a opção é muitas vezes entre “Eu estou a sentir-me perturbada, vou acabar com o meu mal-estar.” ou “Lido com os meus sentimentos e dou liberdade à minha filha, que já esteve sentada mais de 1h à mesa e precisa de se mexer?”.
E olho à minha volta, vejo crianças da mesma idade, sentadinhas com os seus tablets, telemóveis ou outro semelhante (agora, até os relógios têm jogos), alheadas ao que se passa em seu redor, com olhos vidrados e que desatam aos berros quando o episódio acaba ou o jogo empanca.
E deixo-a correr.
Recordo-lhe que deve ter em consideração as outras pessoas, que têm direito de almoçar tranquilas, e canto-lhe baixinho: “Debaixo do tetinho falamos baixinho, lá fora ao ar, podemos gritar!”, autoria da minha afilhada (2 anos) e da sua mãe.
Para a próxima vez vamos mas é a um restaurante amigo das crianças.
Não seria tão bom se pudéssemos ir a um sítio onde sabemos que o comportamento normal das crianças não causa revirar de olhos e suspiros mal disfarçados?
Pesquisa: Restaurantes com políticas de “Adequado a crianças saudáveis: barulhentas, saltadoras, atletas e com riso contagiante”.
Resultados: Zero.
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